
Farta-se de chover e de fazer frio lá fora, e eu que preciso tanto de um belo e quente SOL… Ainda por cima temo bem que me esteja a nascer uma borbulha mesmo na ponta do nariz…
Ah este foi o meu 50º post...
Sabemos o que somos mas ignoramos o que poderiamos ser
Ando expiando um crime numa mala
que um avô meu cometeu por requinte
Tenho os nervos na forca vinte a vinte
E caí no ópio como numa vala
A vida a bordo é uma coisa triste
Embora a gente se divirta ás vezes
Falo com alemães suecos e ingleses
E a minha mágoa de viver persiste
Eu acho que não vale a pena ter
ido ao Oriente e visto a Índia e a China
a terra é semelhante e pequenina
e há só uma maneira de viver
há só uma
Por isso eu tomo ópio
eu tomo ópio
é um remédio
Por isso eu tomo ópio eu tomo ópio
é um remédio
um dia faço (um) escândalo cá a bordo
só para dar que falar de mim aos (de)mais
não posso com a vida e acho fatais
as (g)iras com que ás vezes me debordo
Levo o dia a fumar a beber coisas
Drogas americanas que entontecem
E eu já tão bêbado sem nada
Dessem melhor cérebro aos meus nervos como rosas
escrevo estas linhas
parece impossível que mesmo ao ter talento eu malo sinta
o facto é que esta vida é uma
quinta onde se aborrece uma alma sensível
pertenço a m género de portugueses que depois de estar a Índia descoberta
ficaram sem trabalho.
Por isso eu tomo ópio
eu tomo ópio
é um remédio
Porque isto acaba mal e há-de haver
Olá sangue e um revólver lá para o fim
Deste desassossego que há em mim
e não há forma de se resolver
moro no Rés do chão do pensamento
E ver passar a vida faz-me tédio
Para que fui visitar a Índia que há se não
Há Índia senão a alma em mim
Há Índia senão a alma em mim
fumo...
Hoje o dia nasceu cinzento…
Hoje acordei triste. Levantei-me, abri a persiana e a janela do meu quarto na esperança de encontrar lá fora um dia radioso alegre, que me pudesse aquecer a face, a alma, o coração, mas não, também ele se apresentou hoje cinzento, frio, triste. Hoje não ouvi os pássaros, hoje não vi o céu azul, hoje o meu quarto não foi inundado pelos raios luminosos, quentes, reconfortantes dum sol resplandecente. Eu habito na fronteira entre a cidade e o campo, dum lado tenho prédios e do outro tenho pinheiros, uma mata e quando o céu exibe o azul vivo, a junção deste com o verde da mata… faz-me sentir bem, mas hoje não…
Estou triste. Porquê??? Não sei. Não sei!!??? É claro que sei, só não quero é admitir as razões. Apetece-me gritar, apetece-me chorar, apetece-me espancar, apetece-me ser espancado, apetece-me fugir, apetece-me ficar, apetece-me esconder, apetece-me ser encontrado. Tenho frio. Quero calor. Onde é que o posso encontrar?? Lá fora não, o dia está frio, há vento, está a chover, lá fora... Tudo isto, aliado ás árvores ainda despidas, dá um cenário triste a esta triste manha.
Continuo triste. Porquê tanta tristeza? Não sei. É claro que sei, só não quero é aceitar as causas. Não consigo encontrar razões para me animar.
O melhor é ir correr e ouvir música, pode ser que me esqueça dos motivos desta tristeza.