Ando expiando um crime numa mala
que um avô meu cometeu por requinte
Tenho os nervos na forca vinte a vinte
E caí no ópio como numa vala
A vida a bordo é uma coisa triste
Embora a gente se divirta ás vezes
Falo com alemães suecos e ingleses
E a minha mágoa de viver persiste
Eu acho que não vale a pena ter
ido ao Oriente e visto a Índia e a China
a terra é semelhante e pequenina
e há só uma maneira de viver
há só uma
Por isso eu tomo ópio
eu tomo ópio
é um remédio
Por isso eu tomo ópio eu tomo ópio
é um remédio
um dia faço (um) escândalo cá a bordo
só para dar que falar de mim aos (de)mais
não posso com a vida e acho fatais
as (g)iras com que ás vezes me debordo
Levo o dia a fumar a beber coisas
Drogas americanas que entontecem
E eu já tão bêbado sem nada
Dessem melhor cérebro aos meus nervos como rosas
escrevo estas linhas
parece impossível que mesmo ao ter talento eu malo sinta
o facto é que esta vida é uma
quinta onde se aborrece uma alma sensível
pertenço a m género de portugueses que depois de estar a Índia descoberta
ficaram sem trabalho.
Por isso eu tomo ópio
eu tomo ópio
é um remédio
Porque isto acaba mal e há-de haver
Olá sangue e um revólver lá para o fim
Deste desassossego que há em mim
e não há forma de se resolver
moro no Rés do chão do pensamento
E ver passar a vida faz-me tédio
Para que fui visitar a Índia que há se não
Há Índia senão a alma em mim
Há Índia senão a alma em mim
fumo...
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Wordsong - Opiário
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